Curiosidades : Química no nosso cotidiano

A maioria das pessoas dizem: "Por que tenho que estudar química? Serve para o que na minha vida?". Além disso, elas se referem a química como algo pejorativo: quando algo ruim acontece por causa de algum produto dizem: "Aquilo é química! Foi um produto químico..."
Podemos afirmar que não só os produtos que fazem mal "tem química", mas toda nossa vida "possui química"! Pense no seguinte: os seres vivos são feitos de células, mas do que as células são feitas? De moléculas e, é claro, de átomos. Precisamos respirar para sobreviver; precisamos de oxigênio para respirar. Para haver oxigênio no ar, e assim sobrevivermos, ocorre uma reação, chamada fotossíntese, na qual as plantas consomem o gás carbônio e produzem o oxigênio.  
Está página irá conter algumas curiosidades sobre a presença da química em nosso cotidiano.

1. Obturações Dentárias

Quem já sentiu um choque quando encostou qualquer objeto de metal, como garfo, colher, papel alumínio (utilizado para embalar balas) etc, numa obturação? Se você respondeu sim, pode-se dizer que sua boca já funcionou como uma pilha... É estranho, mas o que ocorre em nossa boca segue o mesmo princípio das pilhas comuns. A amálgama, massa utilizada pelo dentista para preencher a cavidade no tratamento dentário, é composta por vários metais (Sn, estanho; Ag, prata; Hg, mercúrio), que ao entrar em contato com um garfo (ferro) ou papel alumínio, cria-se uma corrente elétrica pequena, por isso sentimos aquela dorzinha aguda. Neste caso, a amálgama funciona como cátodo e o ferro/alumínio como ânodo. Um auxiliar importante para que isso ocorra é a saliva que funciona como ponte salina, mantendo o equilíbrio das cargas.

Bibliografia: PERUZZO, F.M.; CANTO, E. L. do. Química na abordagem do cotidiano. 3ª Ed. São Paulo: Moderna, 2003. V.1

2.  Equilíbrio Químico: Príncipio de Lê Chatelier

  • Óculos fotocromáticos 

Óculos fotocromáticos são aqueles que possuem lentes que mudam de cor, devido à uma reação química, conforme a intensidade luminosa, ou seja, quando uma pessoa que usa este tipo de óculos está dentro de um local com pouca luminosidade, as lentes são praticamente incolores, mas quando esta pessoa fica exposta à luz, as lentes tendem a ficar com uma coloração escura.
A reação que ocorre nas lentes dos óculos é a seguinte:
 O cloreto de prata (AgCl), quando na lente, dá uma aparência clara para a mesma, já a prata metálica (Ag), quando é formada na lente dá uma aparência escura à lente. Esta reação é um caso em que se aumentar a energia, no caso a claridade, na lente o equilíbrio deslocará para o lado da formação do Ag elementar que é escuro (na lente). Quando se diminui a intensidade luminosa na lente ocorre o favorecimento da reação inversa, ou seja, a diminuição da sensação escura.
Este exemplo é abrangido pelo princípio de Le Chatelier, que diz: "Quando um sistema está em equilíbrio e sofre alguma perturbação, seja ela por variação de pressão, de concentração de algum dos reagentes ou dos produtos, ou pela variação da temperatura, o sistema tenderá a retornar o estado de equilíbrio, a partir da diminuição do efeito provocado pela perturbação."
  • Refrigerante
Dentro de uma garrafa de refrigerante, ocorre várias reações, mas um destaque pode ser dado para o ácido carbônico (H2CO3), que se decompõe em H2O e CO2 .
 Quando abrimos uma garrafa de refrigerante observamos que ocorre liberação de gases. O gás carbônico é liberado porque ocorre uma diminuição da pressão no interior do sistema (garrafa de refrigerante), ocorrendo um deslocamento do equilíbrio para o lado de maior número de mols gasosos, ou seja, o lado dos produtos.O estado de equilíbrio também pode ser deslocado pelo aumento da temperatura, ou seja, caso coloquemos um pouco de refrigerante para aquecer em um recipiente adequado, ocorrerá, também, a liberação de gases (esta reação é endotérmica). Isto é mostrado pelo princípio de Le Chatelier. Neste exemplo, nas duas situações, estaremos provocando um deslocamento de equilíbrio químico, o que provocará no refrigerante uma modificação no seu gosto. Isto você já deve ter percebido, quando um resto de refrigerante fica muito tempo dentro da geladeira, ele fica com um gosto diferente, isto ocorre devido ao fato de ter ocorrido perda de CO2, logo, perda de H2CO3

Bibliografia: Disponível em: http://www.quiprocura.net/equilibrio.htm.

Química do peido    
  Os gases estomacais têm várias origens, podem ser provenientes de ar engolido, de reações químicas no aparelho digestivo, produzido por bactérias ou oriundo da corrente sanguínea.
  A composição do peido é bastante variada, a reação entre o ácido produzido no estômago e os fluidos do intestino pode produzir dióxido de carbono (CO2), que também é um componente do ar (atomosférico) e/ou resultante da ação das bactérias. As bactérias também podem produzir hidrogênio e metano.
  As proporções da composição dos gases intestinais pode depender de vários fatores, tais como, o que comemos, quanto ar é engolido, que tipo de bactérias estão no aparelho digestivo e quanto tempo o gás permanece preso.
  Quanto mais o gás permanece preso, maior é a proporção de nitrogênio em sua composição, pois os outros gases podem ser absorvidos pela corrente sanguínea.
  Todo o metano produzido é de origem bacteriana e não tem origem das células humanas.
  O fedor do peido tem origem na presença de gás sulfídrico (H2S), metanotiol     (H3C-S-H), dimetil sulfeto (H3C-S-CH3) e mercaptanas na mistura. Estes compostos contém enxofre em sua composição. A proporção dos compostos fedorentos representa algo como 1% do total.
  Compostos ricos em nitrogênio, tais como escatol (3-metil indol) e indol também contribuem para o mau cheiro.
  Quanto mais a dieta for rica em alimentos ricos em enxofre, maiores os problemas. por exemplo couve-flor, ovos e carne. Também pode existir um fator genético que predispõem um indivíduo a ter mais problemas com gases.
  Em um adulto a produção de gases intestinais varia de 200 a 2000ml diários.
  A quantidade de hidrogênio e metano na composição total pode tornar os gases inflamáveis.
  Uma observação importante é que o metano, hidrogênio, gás carbônico e nitrogênio não possuem odor.


A Química do Amor


Cupido usando o arco e a flecha impregnados de noradrenalina.
Você já ouviu esta frase: Rolou uma química entre nós! Será que existe mesmo uma explicação científica para o amor?
O sentimento não afeta só o nosso ego de forma figurada, mas está presente de forma mais concreta, produz reações visíveis em nosso corpo inteiro. Se não fosse assim como explicar as mãos suando, coração acelerado, respiração pesada, olhar perdido (tipo "peixe morto"), o ficar rubro quando se está perto do ser amado?
Afinal, o amor tem algo a ver com a Química? Na verdade O AMOR É QUÍMICA! Todos os sintomas relatados acima têm uma explicação científica: são causados por um fluxo de substâncias químicas fabricadas no corpo da pessoa apaixonada. Entre essas substâncias estão: adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, dopamina, oxitocina, a serotonina e as endorfinas. Viu como são necessários vários hormônios para sentir aquela sensação maravilhosa quando se está amando?
A dopamina produz a sensação de felicidade, a adrenalina causa a aceleração do coração e a excitação. A noradrenalina é o hormônio responsável pelo desejo sexual entre um casal, nesse estágio é que se diz que existe uma verdadeira química, pois os corpos se misturam como elementos em uma reação química.
Mas acontece que essa sensação pode não durar muito tempo, neste ponto os casais têm a impressão que o amor esfriou. Com o passar do tempo o organismo vai se acostumando e adquirindo resistência, passa a necessitar de doses cada vez maiores de substâncias químicas para provocar as mesmas sensações do início. É aí que entra os hormônios ocitocina e vasopressina, são eles os responsáveis pela atração que evolui para uma relação calma, duradoura e segura, afinal, o amor é eterno!

Por Líria Alves
Graduada em Química
Equipe Brasil Escola

Composites

A Química, com seu vasto campo de atuação, possibilita descobertas importantes para a melhoria da qualidade de vida. Na indústria, por exemplo, essa ciência possibilita a criação de novos sólidos através da combinação de dois ou mais materiais já existentes, melhorando assim as propriedades de inúmeros objetos.
Os composites ou compósito foram elaborados a partir deste princípio, e já existem há milhares de anos, alguns surgiram acompanhando a evolução histórica. No século X a.C., os Assírios e os Babilônios produziam tijolos de argila com palha no seu interior. Essa técnica deu origem a um composite, que é mais duro e mais resistente à ação do tempo, ao contrário do tijolo comum que é mais quebradiço.
Podemos citar como composites modernos: tacos de golfe, raquetes de tênis, skates.
Esses objetos são feitos de composite formado por fibra de carbono e resina. A função da resina é manter as fibras unidas, além de dar resistência à resina, impedem a deformação e amortecem as vibrações. Esse material fica tão resistente que é usado em asas e fuselagem de aviões.
Um exemplo de um composite natural está em nosso próprio corpo: os ossos. Eles são constituídos por fibras elásticas de colágeno revestidas de uma estrutura sólida de fosfato de cálcio. Em idosos os composites se tornam quebradiços, devido à diminuição da quantidade de colágeno.
A cerâmica usada na fabricação de xícaras e pratos, quando enriquecida com fibras de grafite se torna bem menos quebradiça, resistente a altas temperaturas e mais leve. Esse composite é usado para revestir ônibus espaciais e foguetes, devido a essas propriedades.

Por Líria Alves
Graduada em Química
Equipe Brasil Escola

Escova progressiva: fazer ou não fazer?

A polêmica começa pelo uso de um produto que contém o composto formol (ácido fórmico). A aplicação sobre os cabelos permite alcançar o tão almejado sonho feminino: o cabelo liso. Importa levar em conta a que preço a cliente alcançará o resultado esperado, pois como o próprio nome já diz, se trata de um ácido, e estas substâncias em geral são perigosas.
Segundo a lei decretada pelos Órgãos de Vigilância Sanitária, o perigo está na aplicação do produto contendo porcentagem de formol acima do permitido (0,2 %, essa é a quantidade máxima usada em cosméticos como xampus e condicionadores e não oferece nenhum risco à saúde). Acontece que nessa porcentagem ele não alisa. Logo, os produtos para a escova progressiva contêm níveis acima do especificado pela vigilância.
Infelizmente muitos cabeleireiros sem preparo profissional adicionam mais formol aos alisantes capilares, elevando a porcentagem bem além do permitido, alguns admitem usar de 2 a 4%. O processo consiste em misturar vários ingredientes aleatoriamente e em qualquer quantidade, e o resultado? Pode ir de alergias (irritação nos olhos, vermelhidão, lacrimação e dermatites) até um estágio avançado de queda de cabelo e o pior, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admite que o formol é cancerígeno.
Vale a pena arriscar sua saúde por uma vaidade passageira? Estima-se que uma escova progressiva dure no máximo 3 meses, ou seja, um cabelo bonito por um curto período de tempo, cujas consequências podem te prejudicar pelo resto da vida.

Por Líria Alves
Graduada em Química
Equipe Brasil Escola